terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cantar é...

Há uma reflexão, que me parece importante, em relação a nossa caminhada artística, que é a maneira com que devemos nos portar, diante das dificuldades inerentes a todos os movimentos culturais, de um país em desenvolvimento. Somos cantores, músicos, nos consideramos artistas, isto é certo, mas as perguntas que devem nortear as nossas consciências são as seguintes: Estamos, de fato, estabelecendo uma troca com o dom que recebemos? Estamos fazendo a nossa parte, para que os eventos culturais se perpetuem?
Essas perguntas parecem, "lugar comum", mas percebo uma confusão, pelo menos no meio do qual faço parte, no que diz respeito a profissionalismo e doação. Acho que o universo nativista, vem crescendo positivamente no aspecto profissional, temos músicos de alta qualidade, com formação e talento, porém, também percebo um distanciamento desses integrantes, do germem inicial, ou seja, do espírito que criou esse manancial de atitudes criativas, ou esse mercado de trabalho, que ajuda muito no sustento dos nossos estômagos e da nossa raiz.
Sei que a música, para nós é o mais importante, e é por isso que peço do fundo do coração, aos meus colegas, para que olhem dentro de si e nunca deixem o mecanicismo tomar conta das suas inspirações. Temos que sobreviver, precisamos de bons palcos, boa remuneração e dignidade artística, mas antes disso tudo, vem a razão maior da arte, que é a paixão. Se não somos crentes no que fazemos, como algo nobre e relevante, que não o façamos. Vamos trabalhar para que o meio nativista cresça, em corpo e espírito, vamos fazer também a nossa parte, para que essa árvore engrosse o tronco, nos dando frutos mais doces, tão doces quanto aqueles que julgamos merecer.
" Cantar é mover o dom do fundo de uma paixão".

Angelo Franco

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