quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MÚSICA DO MUNDO

Tenho percebido que a música, cada vez mais, passa por uma crise muito grande. São vários os aspectos do ramo musical ,que carecem de referência e que vivenciam um mar de incertezas.
Desde a parte de sua criação, até suas maneiras de execução, além das questões comerciais,a música está perdida, num processo de evolução, que tem andado na velocidade das máquinas e não no ritmo dos humanos, que ainda são os únicos veículos conscientes da sensibilidade artística.
Penso que a música não pertence a ninguém, ela é do mundo, quando alguém ouve um som ele já faz parte da sua vida, mas também penso que temos que buscar um reconhecimento do que a música faz por nós ou em nós. Nunca fui radical em termos musicais, sempre vi beleza em toda a música, por ser música já vem de Deus e engrandece a alma. O fato é que essa falta de norte que o cancioneiro mundial atravessa, trouxe tanta desconstrução da identidade, tanta superficialidade e tanta "praticidade", que a arte musical se reduziu, a pano de fundo para o cotidiano, a mensageira subliminar da inversão de valores e a simples estatística regulamentada pelos institutos de pesquisa de audiência e pelos orgãos contabilizadores do dito "mercado da cultura. "
Sabemos que de fato há um mercado cultural, mas sabemos, também , que no caso brasileiro e de grande parte do mundo, ele pouco tem cumprido com sua função. É bem verdade que ele proporciona subsistência a muitos músicos, produtores e demais integrantes da cadeia produtiva, através da fomentação de seus projetos, mas também é fato, que grande parte dessas atitudes, não chegam ao povo da maneira que inicialmente se pretendia. Teatros semi-vazios, musica intelectualóide distante da compreenção da média, um intenso antagonismo por parte da mídia movida pelos jabás, e uma apologia à separação entre o profundo e o divertido, promovida pelos meios de comunicação em geral, esse é o quadro atual ,que transforma o mercado artístico em ineficaz e simplesmente premia o que de fato tem suporte comercial, independentemente da qualidade, aliás, devido ao "ótimo" trabalho das emissoras de rádio e tv, quanto mais baixo o nível melhor, já que o pouco que a música de conteúdo figura em suas programações, é sempre num horário digno de vampiros e galos. Ah! e esses espaços ainda existem por que o potencial dos verdadeiros artístas não pode ser subestimado.
Rezo para que eu possa ver um dia, os eventos culturais bem divulgados, comentados por gente competente, mesclando contextualidade com popularidade, alheios a favores políticos e a matérias pagas, com músicos fazendo um som equilibrado, com profundidade artística e de fácil acesso para os que não são músicos desenvolvidos. Peço a Deus pela música do mundo e peço aos homens que pensem na música que consomem e pensem nos valores que desejam passar a seus filhos.
Angelo Franco